04 fevereiro 2013

Adeus com pontas douradas


Pontas douradas. Letras com uma fonte rebuscada e um detalhe vermelho. Atrás vinha os nomes gravados, o seu na frente e depois do "&" não era o meu que estava. Um convite. Não entendi se aquilo fora um índice de que se importava que eu fizesse parte da sua vida ou algum ato provocativo, só sei que surtiu efeito se foi mesmo a segunda opção que você almejava alcançar.
 Não a amo mais, mas um dia eu me apaixonei por você. Mas também, que garoto não se apaixonaria? Fazendo das palavras do querido Vercillo as minhas, você une todas as coisas. Tem o misto de errado que te convence do certo, um ar misterioso que te instiga. Uma risada gostosa e um sorriso fácil, cabelos loiros e passo marcado. 
Sempre fui amante a moda ântiga, o que me custou muitos corações partidos, afinal, aprendi tarde que mulher não dá valor pra quem a trata bem, dá valor a quem ela quer que a trate bem. Você veio mansa, me convencendo sem palavras que seria diferente. Mas não meu bem, você foi apenas mais uma para qual eu me entreguei e fez pouco caso dos sentimentos desse plebeu apaixonado.
Sabe querida, você deixou uma bagunça aqui dentro. Foi difícil arrumar tudo, nunca me contentava com a nova arrumação dos espaços internos, afinal, o quadro mais bonito da obra não estava lá, você.
Mas olha que legal, eu consegui. Eu até te convidaria para entrar, quem sabe você gostaria das certezas mudadas de lugar. Mas a decoração não tem mais a sua cara e você se sentiria uma intrusa aqui dentro, e realmente seria. Eu não precisei de um novo amor e muito menos me casei depois de três meses como você fez, eu consegui sozinho. E até sozinho eu preferia ficar, pra ninguém reparar que eu estava só. 
Por muito tempo me indaguei no porquê você tinha partido assim, sem explicações, sem porquês, sem frases clichês, apenas foi. Nem o típico " não é você, sou eu" você disse, mas era seu jeito não é verdade? Livre demais para dar satisfação à alguém, espontânea demais para que alguém conheça os seus passos. Pássaro. Hoje entendo a tatuagem que você tem no tornozelo. 
Mas será isso? O pássaro agora encontrou um ninho? Se prendeu? Você sempre dizia que não queria rotular nada, mas se rótulos te prendem, por que estou segurando sua intimação de prisão nas mãos? 
São perguntas que me fiz por um bom tempo enquanto olhava aquele pequeno convite que tinha cara de ser sofisticado, o que indicara que o cara que vem depois do "&" era rico, ou algo do tipo. As respostas? Não as tenho. Mas sabe meu bem, acredito nessa coisa de "alma gêmea" e não se acanhe, você não fez morrer a alma de personagem romântico de Jane Austen  que há em mim. Eu sou bom, um ótimo parceiro. Você já dizia. Mas não fui bom pra você, não é mesmo? No começo, foi difícil encarar os fatos, mas agora, as coisas estão mais claras. Tem alguém nesse globo que me espera, eu não sei como ela é e realmente não me prendo nisso. Mas eu sei que um dia, eu serei o ninho de alguém. 
Por isso, e excepcionalmente, por isso. Eu te peço perdão, por ter me doado, por ter me iludido, por ter sido bom, por ter sido carinhoso, por ter confundido os sentimentos aqui dentro, por ter sido muito mais do que você me ofereceu. E eu te perdoou, por inflamar meus sentimentos por ego, por me deixar sem explicações, por ter sido a melhor e pior coisa da minha vida e por estar se casando.
Eu te deixo aqui as minhas felicitações e o meu adeus, adeus com pontas douradas.

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