Vem morena

Vem morena, eu te dou a mão. Não tenha medo vai, assim você parte meu coração.

Eu sei que isso tudo é novo, desconhecido e esse sempre foi seu maior medo, né? Ver as coisas mudando de lugar, sua zona de conforto tendo que ficar. Mas morena, confia em mim. Eu sou de Marte, você de Vênus, mas nos encontramos nessa órbita e quem vai dizer que não é pra durar?

Aqui é diferente, eu sei. Aí também é, eu vejo. Mas morena, vem que eu te levo nos braços. Ninguém liga mesmo para o que vão dizer, “para nos todo amor do mundo e para eles o outro lado”, cantou os irmãos. 
Então vem, vem que agora é tempo e é nesse tempo que a gente sai da gente, vira um pouco gente e faz nós. Nesse tempo que a gente sendo gente, vive intensamente sem haver algoz.

“E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração ...?” E eu não quero mesmo ter razão, porque a razão nos leva a involuntariamente querer dar um porquê, mesmo que inventado, pra tudo. E cá entre nós, eu ficaria extremamente desapontado se conseguisse explicar o inexplicável. 
Então por que você ainda está aí? Parada. Estática. Presa nas suas não-certezas? Se você vier eu faço do seu ponto de interrogação um exclamação com gosto de reticências que é pra nunca ter fim, mas vem morena. Vem que eu te espero. Vem que eu te quero.

Vem morena, vem sem medo. Mas se estiver com medo, vem assim mesmo. Eu não ligo não, já disse, estou aqui segurando sua mão.  E eu não vou soltar, nem agora nem daqui a 1000 anos. Vem morena, que eu quero falar vamos.

Nunca fui desses de meias palavras, nada de discursos decorados, eu estou certo do hoje, do amanhã e de sempre. Estive certo bem antes de te conhecer. Vem morena, que eu te amo muito mais que ontem, e hoje bem menos que amanhã.

Vem que Marte e Vênus não são tão distantes, a Terra já deixou de ser empecilho e até o Sol torce a nosso favor. 
Então vem que se preciso for, eu faço um planeta só nosso pra gente viver em paz.