23 janeiro 2014

Para não virar Xerox


Educando doentes para uma sociedade doente. Percebe como essa frase sintetiza nossa vil realidade?Aproveitando todo esse período de SISU e PROUNI, quero chamar sua atenção para o universo acadêmico, para as cadeiras de universidades as quais desde cedo somos levados a almejar. Seja quando nos perguntam quando crianças o que queremos ser quando crescer ou nos 42 minutos do terceiro ano do ensino médio.
O problema do sistema educacional brasileiro não é um problema primário, mas um problema crônico. Que abrange desde falta de investimento financeiro da parte do governo, desvalorização de professores, desinteresse por parte dos alunos até a falta de comprometimento e ética dos educadores.
Quando nos direcionamos ao ensino fundamental e médio, principalmente quando se trata do ensino público, temos uma série de críticas, opiniões e sugestões. Passemos dessa fase, vamos tentar analisar o ensino universitário.
Estar cursando uma faculdade, sem dúvida, é algo muito relevante e uma conquista da qual devemos nos orgulhar, principalmente pelas possibilidades um tanto que "limitadas" de acesso que temos hoje em dia. Os centros universitários ainda carregam o estigma de serem os "centros dos grandes pensadores", e eu concordo de certa forma. Conhecemos pessoas diferentes, pensamentos diferentes, somos aguçados a se aprofundar em uma área de estudo, temos contato com profissionais renomados, etc. Com exceções consideráveis, claro.
Veja bem, muitos irão discordar do que vou dizer agora. Mas a intenção é apenas gerar uma problemática nesse contexto. Até que ponto o estigma atribuído as universidades prevalece? Estamos formando intelectuais flagelados. A consciência crítica se foi e hoje somos copiadores de ideias. Não criamos nada, aprendemos teorias, decoramos nomes de filósofos, economistas, médicos, psicólogos, sociólogos e não fazemos nada. Repetimos feitos de outros e não somos mais encorajados a pensar, questionar e elaborar nossas próprias teses. Isso não é via de regra, entenda. Mas em muitos casos e situações sabemos discorrer brilhantemente sobre o conceito de solidariedade mecânica de Durkheim,  proletariado de Marx, psicofísica de Wundt e somos leigos em nossas próprias articulações. Não venho desmerecer os grandes teóricos e sua história, sem isto, nada de novo poderia ser criado. É extremamente necessário saber dos primórdios para compreender o presente e construir o futuro.
Geralmente, somos estimulados a refletir e elaborar nossas próprias ideias quando avançamos em maturidade acadêmica, quando chegamos a um nível de mestrado, doutorado. Mas qual a porcentagem de pessoas que chegam nesses níveis? Será que para cada 20 xeroxes formadas, temos 2 doutores?
Xeroxes sabem falar como poucos sobre as ideias de Marx, Engels, Lênin, mas fazem bem pouco para mudar a própria sociedade e a si mesmo. Xeroxes brilham nas provas mas não debatem ideias, suas ideias.
Temos professores engessados que criticam uma sociedade engessada. Temos coveiros que sepultam qualquer resquício de imaginação e sensibilidade.
Não fique revoltado e desista da faculdade, pelo contrário, estude, entre e se diferencie. Seja você a pessoa a mudar este quadro, não ache depois deste texto que o mundo acadêmico é formado apenas por crápulas manipuladores, claro que não. Você encontrará pessoas que são realmente dignas de serem chamadas de Mestres, pessoas que vão te incentivar e te estimular a todo instante e que preferem largar o magistério se não formarem pensadores.
Entenda que, não é apenas o sistema educacional que nos aprisiona, e sabendo disso, a pergunta que calha para fechamento deste texto é: O que você vai fazer com seu diploma?

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