14 dezembro 2012

Sobre despedidas


Acabou.
Foi o que ela pensou quando as pessoas começaram a arrumar suas bolsas, ajeitar seus pertences. O salão principal foi se esvaziando, mal iluminado, ou melhor sem luz alguma. Talvez esse fato curioso tenha sido uma forma de materializar como muitos corações estavam no momento, escuros.
As lágrimas conduziam a "festa", os abraços apertados desatavam todas as possíveis amarras de orgulho. O olhar sincero, a palavra doce, ganharam formas.
Algumas horas antes...
Ao acordar viu pela janela um céu parcialmente nublado. Droga! A meteorologia havia acertado desta vez. Tudo bem, as desventuras que ocorreram dias antes não estragariam o dia e muito menos o sol ter resolvido tirar uma folga. No lugar marcado, atrasos, o de praxe. O princípio de um desentendimento e piadas idiotas. Hora de ir. A condução já traduzia o rumo que o dia levaria, cantorias e micos, sorrisos e alguns descasos; tudo daria certo.
O dia correu involuntário, livre e natural. Como se "alguém" de alguma forma tivesse preparado cada segundo, cada momento. Apesar de seu coração estar completamente apertado pela semana que teve, ela sabia que ali era o lugar certo para se estar. Ali estavam as pessoas certas e que lhe faziam bem.
Hora daquela famosa brincadeira de "amigo secreto", que de secreto mesmo, só tinha o nome. Pela primeira vez acertaram o presente que ela queria, e ela já se encontrava satisfeita e nem ao menos ligava para as outras trocas, é isso foi uma confissão.Risadas, elogios, discursos...sem luz! Estranhamente era como se algo já anunciasse o que aconteceria nas horas seguintes.
Um pouco mais de enrolação, embromação, todos queriam adiar aquele momento, o inevitável seria difícil e ninguém ainda se mostrava preparado para enfrentá-lo. Mas das coisas inadiáveis esta era uma delas. E nesse momento, volto ao começo do texto.
Acabou.
Mais uma vez ela falou para si mesma, vai que alguma onda que explique fatores físicos, fizesse o seu cérebro assimilar a ideia e a aceitasse, vai que. É, quando o inevitável acontece chega a hora da ficha cair. As lágrimas já nem mais precisavam ser convidadas ou forçadas, involuntariamente e descontrolavelmente rolavam pelos mais diversos rostos sem pedir licença para assim o fazer. Abraços, confortos, letras de música. Na mente de cada um passava-se um "flash back" como aqueles de filme de tudo o que aconteceu durante todo o tempo de convivência, de todas as palavras lançadas, as risadas, confidências, brigas, desentendimentos, aulas, professores, bagunças, fotos, momentos tão deles, momentos tão lindos, momentos vividos.
Sobre despedidas, doloroso. E talvez eu não seja a pessoa mais indicada para estar fazendo este post, justo eu, que tenho medo do incerto, medo do inseguro. Justo eu, que me apego tanto ao passado que não gosto de mudanças.
Sobre despedidas, superação. Será bom se acreditarmos que para cada fim há um começo, que o capítulo mudou mais o livro continua e isso não significa que você vá esquecer a introdução. 
Sobre despedidas, aceitação. Aceitar que é só mais um ciclo que se fecha para um outro bem melhor que se abre. Otimismo, venha cá e faça morada.
Sobre despedidas, felicitações. Sonhos, projetos, planos. Sempre compartilhados que serão realizados.
Sobre despedidas, distância. Redes sociais, cinema e o açaí da esquina.
Sobre despedidas, amor. É o que eu sinto, é o que eu vejo, é o que temos.
Sobre despedidas, um abraço, um cheiro, uma ligação, um "oi", um tapa, um beliscão, um beijo, uma mordida, uma frase, um olhar, um toque.
Sobre despedidas, o meu "até logo". Porque o adeus, por hoje eu dispenso.
Texto terminado, relê-lo seria um martírio. As lágrimas encontrariam facilidade em entrar em cena novamente.


Um comentário:

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