20 fevereiro 2013

Figurante


Era um lugar qualquer, com pessoas quaisquer.
As coisas eram confusas ali, era como assistir a um filme com vários protagonistas. Um querendo se achar mais que o outro, um querendo ser mais que o outro. Tolos. Protagonistas enganados. 
Ela se sentia uma figurante, a qual ninguém nunca nota, nunca dá importância. Uma figurante qualquer nesse teatro  de loucos. Mas veja bem, se não há figurantes, nos deparamos apenas com meros protagonistas solitários. Até mesmo os mais ilustres precisam de seus lacaios.
As risadas eram forjadas. Todos ali fingiam um estado de espírito fajuto, um querer imaturo. Um estar sem ser. Eram apenas marionetes desse circo de horrores. Circo este que eles mesmos criaram, circo este que servia para satisfazer suas necessidades fúteis e supérfulas.
Viver assim deve ser ruim, morena. Sai logo daí, porque mente pequena não sente coisas grandes. Lá os sentimentos também eram falsos, sentimentos de papel. Lábios de papel. Pessoas de papel. 
Eles achavam que era uma figurante perdida, mas muito pelo contrário ela já havia se achado. Achado a si mesma frente a costumes tão destorcidos, hábitos tão atrevidos. Perdidos estavam eles, que não se bastavam.
Um mundo vazio, um palco com atores frios. Não percam seus sorrisos, não os deixem ir. Parem de alimentar esse ego inflável, essa hipocrisia insaciável.
São apenas atores, pouco importa se são protagonistas. Figurante que era, ali estava. Não era a toa, não era em vão. Quem sabe mostraria à plateia a realidade, ou então, após abaixarem as cortinas, tiraria as máscaras daqueles papéis ceifáveis? 
Figurante que era, ali estava. Vendo todo aquele teatro, rindo às vezes para se misturar, mas não se contaminava. Figurante que era, ali estava.

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