19 fevereiro 2013

A indiferença


Tanto fiz, tanto te quis, todavia tu por nenhuma palavra que eu disse
comoveu-se.
Ficaria muito feliz se algum poema meu houvesse a feito chorar.
Meus poemas não fizeram-te nem cócegas... 
Pergunto a mim mesmo o que te fiz para tanta indiferença?
O que fiz ou deixei de fazer?
Será que não me olhas?
Será que não me vês?
Oxalá que tu me odiasses!
Ao menos ódio e estaria, eu, em teu coração.
Mas não.
 Vejo que realmente tu te empenhas em esquecer-me e não devo negar que
ver isto dói-me a alma.
Quando nos encontramos na rua e inevitavelmente temos que nos saudar,
desejas boas para mim tão geladas quanto o frio que está nos pólos
desta Terra.
São boas tão frias que até desconhecidos tem boas mais calorosas do
que as que tu me desejas.
Nenhum sorriso, um riso sequer de sua face flui, para que eu possa
desconfiar que por mim ainda nutres algo bom.
Nenhuma cólera no olhar pra demonstrar que me odeias ou que não me
queres bem de forma alguma.
És indiferente.
És morna que nem águas inúteis.
Águas geladas saciariam minha sede, ou águas quentes, medicinais,
serviriam para curar-me, porém, águas mornas, para mim, em nada tem
serventia.
Me ignoras, me enoja.
Tu me amassas e lanças fora com teus olhares de desprezo.
Devo jogá-la fora também ou tu ainda queres que eu rasteje aos teus pés?
Acho que não sempre poderás suster-me à barra de tuas faldas.
Terei que, um dia, em breve, desagarrar-me de ti e andar com minhas
próprias pernas. 
Escondendo-nos do mundo inteiro, em segredo ainda vinhas procurando a
mim, buscava meus olhares apenas nos teus momentos de aflições.
Não, sempre, estarei aqui quando tu voltares a procurar a cura dos
teus males através do doce beijo que há em mim para ti.
A fonte secará, a chuva levará, a água lavará.
O coração terá outro alguém no seu lugar.
Não quero mais esse amor bandido, não fui criado para viver amores amadores.
Não quero outra vez ter que passar nas ruas e fingir que não conheço a
quem mais amei. 
Tratarei logo de fazer como tu fazes: tratarei de te esquecer.
Só o que nos restará é o que fazes por mim quando em público me vês.
Só restarão, não amor, não boas lembranças, ira, ódio ou qualquer cólera...
Só sobrarão para ti e para mim: a indiferença.
Baruck, Guilherme.

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