18 junho 2014

BLOGAGEM COLETIVA: Eu, o frio, chorei



Eu chorei. De todas as pessoas, eu, o frio, chorei.
Chorei pela perda. Chorei por saber o quanto ela significa pra mim. Chorei a noite inteira por não conseguir segurar a tristeza em perdê-la. Chorei toda a madrugada, como uma criança, como nunca imaginei que choraria. Meu peito estava pesado, inundado e mesmo com o transbordar de toda essa tristeza em forma de lágrimas, não me senti melhor, mais leve, continuei preenchido por tudo aquilo e na verdade, ironicamente, eu estava mais vazio do que nunca. Sabe aquilo que sempre dizem que é melhor chorar, é melhor desabar e sentir a dor? Não, comigo não funcionou. Cada lágrima que deveria ser sinônimo de alívio, parecia me rasgar por dentro como os efeitos colaterais de um remédio mal dosado. Foi isso, tudo foi mal dosado. A minha dose dela foi demais e agora eu sofria os efeitos da abstinência.
Ela se foi, mas deixou o cheiro, deixou as lembranças, deixou uma calcinha pendurada no banheiro. Ela se foi mas é como se eu a visse em cada detalhe daquele quarto. Ela se foi e eu não fiz nada. Eu a vi indo e a deixei ir, nós escorregamos um do outro e por medo ou por orgulho, eu não fiz nada. Eu não gritei o que sempre senti, e, mudo, a deixei partir. Naquela noite, eu chorei a dor. Eu senti a dor. Dor difusa confundia com o frio que só fazia aumentar, eu a senti latente, gritante e só esperava aquilo passar, parar, tudo voltar. 
Mas com a chegada da manhã, não haviam mais lágrimas e mesmo que restasse eu faria questão de escondê-las e encararia o mundo com a máscara. Fingindo, omitindo, enganando até a mim mesmo talvez, mas eu no fundo sempre me lembraria que chorei e do quanto.
Eu, o frio, chorei
_"Lobo"

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