17 julho 2013

Não gosto de espaços vazios

Naquela noite, tive vontade de escrever, mas não sabia como. Quero dizer, não sabia sobre o que gostaria de retratar. Talvez porque a mente estivesse tão cheia de ideias que nenhuma se concretizasse até chegar finalmente ao papel. Muito para dizer, faltavam palavras para descrever. Durante algumas tentativas, percebi um hábito particularmente meu enquanto escrevo: não gosto de deixar espaços vazios. A folha pode ser imensa e posso ter inspiração apenas para uma frase, mas só vou mudar de página quando preencher aquela o máximo que puder. Me peguei pensando no motivo de ter reparado nisso. Me deparei aumentando e diminuindo a letra, desenhando em meio aos rabiscos, viajando enquanto tentava estruturar meus pensamentos bagunçados. Daí, tentei associar tal bobagem com a vida em si, a vida cruel que se encontra fora do papel...
A mania que identifiquei não é aplicada simplesmente quando escrevo, mas em tudo que vivo. Não gosto de espaços vazios. É difícil me conformar com coisas que terminaram, ironicamente, inacabadas. Não suporto a ideia de mudar a página para começar a construir um novo capítulo se a anterior não tiver sido bem escrita, bem preenchida, bem vivida. Talvez seja uma característica só minha, não sei classificar como defeito ou qualidade, só sei que nem sempre faz bem. Geralmente, parece mais contra do que a favor, justamente por nem todo mundo ver assim. Especialmente por muitas pessoas estarem preocupadas apenas em ter muitas páginas, não em escrevê-las com sucesso. Principalmente por muitas dessas pessoas terem passado por mim.
De mãos atadas, em meio a mais um surto da madrugada, depois de viajar sem ao menos sair do lugar, ao admirar as paredes do meu quarto e voltar àquele refugioso papel, concluí que ainda tinha muito que aprender sobre a vida. Entendi que algumas páginas terminariam amassadas, marcadas, manchadas... Outras, infelizmente, seriam escritas até a metade e já teriam fim. Entendi ainda que, às vezes, o melhor a fazer seria mudar a página antes de ir até o final da mesma. A fim de evitar posterior sofrimento, é importante entender que despedidas, de vez em quando, são necessárias. De fato, podem fazer o maior sentido depois que a dor se vai.
Mesmo assim, apesar de não poder controlar tudo sempre, percebi que ainda gostaria de preencher o máximo que pudesse, mesmo que fosse pouco... desde que valesse a pena.




Nome: Dayanna Jullia Farias
Idade: 16 anos
Redes sociais:
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