24 setembro 2013

O encontro


Ele estava aguardando no local que havia sido marcado com muita antecedência, ansioso para revê-la. Não entendia ao certo porque os ponteiros se arrastavam de uma forma quase que torturante, quem foi que disse que o atraso da noiva deveria ser uma regra? Ou charme? Por favor, esse foi um dos muitos conceitos do senso comum mais cruéis.
 Aquele seria, sem a menor dúvida, o encontro mais especial de toda sua vida. Ele estava posicionado em um lugar de destaque. Havia muitos conhecidos e também alguns parentes naquele lugar. Era engraçado ver os olhares das pessoas, pareciam estar tão ansiosas como ele. Mas só pareciam, porque nada se compararia aos seus sentimentos que se confundiam freneticamente. Estava apreensivo, nervoso, inseguro e feliz na mesma medida. 
 Lembrou-se de todas as vezes que dedicou canções à ela sob o céu estrelado acompanhado dos acordes de seu violão, lembrou dos presentes dados e de todas as demais declarações feitas, também pensava no que dizer, no que fazer ou em como agir durante o encontro. Com um olhar distante em direção a porta,  perdido entre seus pensamentos e lembranças, sentia aquela sensação de que era exatamente ali que havia de estar, exatamente naquele lugar. Percebeu que não havia mais espaço para duvidas ou incertezas. Sentia como se toda a alegria que existisse estivesse ali com ele, seu egoísmo era totalmente compreensível e livre de qualquer condenação.
 Em alguns poucos metros, ele a avistou entrando pela porta incomparavelmente linda. Teve vontade de extravasar sua alegria, ir até ela, mas não podia estragar tudo com sua impulsividade. Então permaneceu firme e espontaneamente sorriu de um modo simples e sincero, de um jeito que só ela sabia decifrar. Naturalmente ela o retribuiu enquanto era conduzida em sua direção. Nada mais tinha importância, nem se deu de conta que todos os olhares se voltaram em direção a ela e muito menos da musica que tocava. Até que o pai dela, o qual a conduzia, disse algo em seu ouvido que fez com que toda sua insegurança se transformasse em responsabilidade. Pais. Por um momento ele chegou a imaginar o momento em que estaria no lugar dele.
 Lá estava ele, no altar daquela imensa igreja ao lado da mulher que lhe dava a certeza de ter sido feita especialmente pra ele, a mulher que lhe faria feliz somente por aceitar que ele assim também a fizesse. Mesmo assim manteve-se forte, não quis mostrar fragilidade, pois tinha certeza de sua escolha. Imaginava as consequências dessa decisão e sua vida após esse encontro enquanto era dita uma reflexão. As palavras do celebrante, para ele, passaram tão rápido quanto todo restante da cerimônia. 
Havia chegado a hora. Após a pergunta do celebrante, subitamente foi sufocado por milhares de palavras que lhe vieram à cabeça, buscava a que melhor se encaixasse para um momento como aquele. Então respondeu com a única que lhe desceu à boca, respondeu com, um tão previsível quanto esperado, Aceito.  

                                                                                                                                            __ 'O Bardo'

Se você, como eu, acha que o olhar do noivo ao ver a amada adentrar a igreja é mais belo do que o mais ilustre vestido, clique aqui e veja como as imagens podem tocar até mais do que as melhores palavras. E caso queira ver o outro lado desta prosa, o lado da noiva, é só dar uma olhada nesta outra postagem.

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