Ele estava aguardando no local que havia sido marcado com muita antecedência, ansioso para revê-la. Não entendia ao certo porque os ponteiros se arrastavam de uma forma quase que torturante, quem foi que disse que o atraso da noiva deveria ser uma regra? Ou charme? Por favor, esse foi um dos muitos conceitos do senso comum mais cruéis.
Aquele seria, sem a menor dúvida, o encontro
mais especial de toda sua vida. Ele estava posicionado em um
lugar de destaque. Havia muitos conhecidos e também alguns parentes naquele
lugar. Era engraçado ver os olhares das pessoas, pareciam estar tão ansiosas como ele. Mas só pareciam, porque nada se compararia aos seus sentimentos que se confundiam freneticamente. Estava apreensivo, nervoso, inseguro e
feliz na mesma medida.
Lembrou-se de todas as vezes que dedicou canções à ela sob
o céu estrelado acompanhado dos acordes de seu violão, lembrou dos
presentes dados e de todas as demais declarações feitas, também pensava no que
dizer, no que fazer ou em como agir durante o encontro. Com um olhar distante
em direção a porta, perdido entre seus pensamentos e lembranças,
sentia aquela sensação de que era exatamente ali que havia de estar,
exatamente naquele lugar. Percebeu que não havia mais espaço para duvidas ou
incertezas. Sentia como se toda a alegria que existisse
estivesse ali com ele, seu egoísmo era totalmente compreensível e
livre de qualquer condenação.
Em alguns poucos metros, ele a avistou entrando pela porta
incomparavelmente linda. Teve vontade de extravasar sua alegria, ir até ela,
mas não podia estragar tudo com sua impulsividade. Então permaneceu firme e
espontaneamente sorriu de um modo simples e sincero, de um jeito que só ela
sabia decifrar. Naturalmente ela o retribuiu enquanto era conduzida em sua
direção. Nada mais tinha importância, nem se deu de conta que todos os olhares
se voltaram em direção a ela e muito menos da musica que tocava. Até que o pai
dela, o qual a conduzia, disse algo em seu ouvido que fez com que toda sua
insegurança se transformasse em responsabilidade. Pais. Por um momento ele chegou a imaginar o momento em que estaria no lugar dele.
Lá estava ele, no altar daquela imensa igreja ao lado da mulher
que lhe dava a certeza de ter sido feita especialmente pra ele, a mulher que
lhe faria feliz somente por aceitar que ele assim também a fizesse. Mesmo assim
manteve-se forte, não quis mostrar fragilidade, pois tinha certeza de sua
escolha. Imaginava as consequências dessa decisão e sua vida após esse encontro
enquanto era dita uma reflexão. As palavras do celebrante, para ele, passaram
tão rápido quanto todo restante da cerimônia.
Havia chegado a hora. Após a
pergunta do celebrante, subitamente foi sufocado por milhares de
palavras que lhe vieram à cabeça, buscava a que melhor se encaixasse para um
momento como aquele. Então respondeu com a única que
lhe desceu à boca, respondeu com, um
tão previsível quanto esperado, Aceito.
Se você, como eu, acha que o olhar do noivo ao ver a amada adentrar a igreja é mais belo do que o mais ilustre vestido, clique aqui e veja como as imagens podem tocar até mais do que as melhores palavras. E caso queira ver o outro lado desta prosa, o lado da noiva, é só dar uma olhada nesta outra postagem.
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